quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Estes tempos que vivemos - o confronto celeste entre Urano e Plutão





Aquele foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos, foi a idade da sabedoria, foi a idade da insensatez, foi a época da crença, foi a época da incredulidade, foi a estação da luz, foi a estação das trevas, foi a primavera da esperança, foi o inverno do desespero, tínhamos tudo diante de nós, nada tínhamos diante de nós, íamos todos para o Paraíso, íamos todos no sentido contrário (…).
 “Um conto de duas cidades”, Charles Dickens


Apesar de tudo, este não é um texto sobre política. Mas o mínimo que se pode dizer é que vivemos tempos conturbados. São inúmeras as razões que contribuíram para tal, e, se a nossa situação presente se encontra reflectida nos astros, estes não são os culpados. Podem, no entanto, ajudar-nos a compreender melhor o pano de fundo, as potencialidades e a duração provável das crises globais que agitam o mundo.

Plutão está em Capricórnio desde 2008, e estará aí até 2023. Esta conjuntura forma o contexto “ideal” para os desenvolvimentos a que diariamente assistimos, e tem sido amplamente discutida pelos astrólogos. Mas neste instante ocorre outro fenómeno astrológico ao mesmo tempo fascinante e tremendo: uma quadratura exacta entre este Plutão em Capricórnio, e Urano, que está em Carneiro (com total precisão, o encontro dá-se a 20 de setembro).

Urano é o planeta que rege os movimentos de abertura à novidade, de quebra de hábitos, de mudança de valores e paradigmas, e a liberdade e independência. Plutão é "o grande transformador”, uma força profunda e poderosa, que uma vez activa nada pode deter; mas também simboliza o poder, nomeadamente o poder instituído, ou aqueles que têm poder sobre nós. 
 
Carneiro e Capricórnio são dois signos cardinais e de elementos considerados incompatíveis (terra e fogo). Carneiro tem a ver com começos, avanços, liderança, motivação, urgência, impaciência, e até agressividade. Capricórnio é do elemento terra - sólido, estruturado e sóbrio. 

Carneiro gosta de começar projectos, e Capricórnio está mais à vontade com a sua conclusão: não aprecia mudanças, apoia o poder e a ordem instituída, e trabalha de forma teimosa e persistente, às vezes subterrânea, para lentamente alcançar as suas metas. 
 
Se já é desconfortável a presença de Plutão, o destruidor, em Capricórnio, abalando as estruturas conhecidas e alterando planos (algo que Capricórnio não aprecia nada), imagine-se quando há um encontro pouco simpático (quadratura) entre este Urano desejoso de novidades, auxiliado pela energia pioneira e fogosa de Carneiro, e um Plutão poderosamente inquieto, aprisionado nas estruturas e nos planos relativamente rígidos de Capricórnio, que por sua vez se sente ameaçado com a energia em ebulição do planeta da morte e da renovação. 

Caso estivéssemos diante de uma conjunção dos dois planetas (um encontro harmónico), poderíamos esperar colaboração entre os ímpetos revolucionários de um e a capacidade de arrasar estruturas do outro. As mudanças na sociedade seriam imparáveis, semelhantes ao rio que transborda do leito e quebra todos os diques. Mas uma quadratura, que aliás já tivemos em Junho, e que voltaremos a enfrentar uma a duas vezes por ano nos próximos 3 anos, é diferente. Antes de mais, é um indicativo da forma como devemos ver os tempos que vivemos. Este é um encontro tenso, onde duas forças que poderiam colaborar com o mesmo propósito se confrontam numa luta de titãs. As mudanças serão inevitáveis, mas em vez de irromperem de uma vez, avançando como a onda de um tsunami, são contidas até ao limite explosivo. O combate entre as duas poderosas energias que neste momento se recusam a colaborar atrasa o processo, causando tensões e pressões quase insuportáveis e criando um enorme desafio à humanidade. 

Estas circunstâncias afectam sobretudo o mundo, globalmente, e os seus efeitos medem-se em gerações, visto que se trata de planetas lentos e impessoais. Mas quase todos, no fundo, sentimos os seus efeitos. Sabemos que é necessária uma mudança, tanto pessoal (individual) como colectiva. Urano dá-nos a consciência da necessidade de nos libertarmos dos velhos paradigmas, de condições opressivas, de limites demasiado restritos para o ser humano, e Carneiro empurra-nos para a acção, para as manifestações públicas, para uma inquietação que conduz, por vezes, à acção agressiva. Mas por outro lado o medo capricorniano da desestruturação obriga-nos (a nós e a quem nos governa), quase sempre inconscientemente, a tentar manter o status quo, apesar de todas as velhas instituições e formas de acção estarem já plutonicamente minadas por dentro e condenadas à destruição. Afinal, o lado negativo de Capricórnio representa as grandes sociedades económicas internacionais, os governos autoritários e os sistemas de pensamento totalitários, rígidos e esclerosados.

De forma geral, podemos talvez considerar que nesta fase da História o conjunto dos cidadãos é representado por Urano, e que Plutão é o campeão dos sistemas instituídos – governos, instituições financeiras, etc. 

Em tais circunstâncias, é escusado esperar colaboração entre ambos. A tensão e o extremar das posições não verão alívio, mas antes serão levados ao limite, até que todo o sistema colapse, para ser então substituído por formas novas. 

Porém, nem tudo é cinzento. Uma vez que Urano, ao entrar em Carneiro, começou um ciclo novo (Carneiro é o primeiro signo do zodíaco), e cada ciclo uraniano dura cerca de 84 anos, podemos esperar que a sua mensagem saia vitoriosa, embora tal só aconteça depois de um parto longo e difícil. Por outro lado, Plutão não é apenas o senhor da morte e da destruição, mas igualmente do renascimento e da regeneração. Uma vez passados os tempos difíceis, ser-nos-á dada a hipótese de habitar um mundo novo.

Não vale a pena perder tempo a lamentar a forma árdua e penosa na qual o futuro nos chega. Estas são as circunstâncias mais adequadas à situação que criámos no passado, e temos de as viver até à sua culminação. Vale a pena, isso sim, compreender o esquema geral para nele colaborarmos, em vez de contribuirmos para tornar tudo ainda mais difícil. É chegado o tempo de nos unirmos contra o verdadeiro “inimigo”, que é o medo da mudança, a estreiteza de mentalidades e o apego ao passado. Cada um terá de enfrentar estes desafios dentro de si, nas suas circunstâncias de vida particulares – todas tão distintas – e todos teremos de os enfrentar no exterior, onde ocupamos o mesmo barco. É fundamental aproveitar estes tempos para rever a forma como estamos presentes no mundo, como nos relacionamos com a nossa comunidade, com a sociedade e com a Humanidade como um todo, que tipo de participação queremos ter na construção do futuro, e qual o nosso grau de responsabilidade pessoal e social.