segunda-feira, 11 de março de 2013

Sete luzes sobre as águas de Peixes






Há muito que estamos como o Coelho Branco da Alice no País das Maravilhas, sem tempo para nada. Quem segue o blogue já reparou, e só podemos pedir desculpas. Continuamos sem tempo hoje também, mas com muita vontade de assinalar este dia muito especial (11 de Março), que anuncia a Primavera próxima.

Um stellium é um conjunto de planetas (três ou mais) que se agrupam num signo ou casa por um determinado período, amplificando a energia desse signo ou casa enquanto lá se encontram. O signo de Peixes tem sido, no último mês, o anfitrião deste encontro, e a casa está praticamente com lotação esgotada. Primeiro recebeu Marte, Chiron e Neptuno, depois chegou Mercúrio, mais tarde Vénus e o próprio Sol, e hoje a festa fica completa com a chegada da Lua. Até amanhã, quando a Lua terminar a sua (sempre) breve visita, estes sete planetas fazem da modesta habitação de Peixes a mais brilhante, ruidosa e animada do Zodíaco.

Contra-relógio, não nos é possível fazer uma análise mais profunda deste encontro cuja magia fica bem simbolizada pelo número sete, mas tentaremos realçar alguns pontos fundamentais. Sabemos quais são, genericamente, as características de Peixes: sensibilidade, vulnerabilidade física, psíquica e emocional, empatia, tolerância, ausência de limites rígidos entre “eu” e o “outro” (seja este outra pessoa, ou qualquer agente exterior), compaixão, adaptabilidade, imaginação, visão de conjunto, capacidade de entrega, serviço, amor universal, mergulho nas profundezas do inconsciente, capacidade de transformação e regeneração, misticismo e fé.

Também não é difícil compreender como estas qualidades se podem transformar em obstáculos, caso sejam vividas de forma desequilibrada. Hiper-sensibilidade e demasiada vulnerabilidade levam alguns peixes ao caminho da eterna vitimização, inutilizando a mais-valia que representariam caso fossem bem utilizados e dirigidos. Excessiva tolerância e ausência de limites conduzem a um caos do qual dificilmente sai qualquer criação, porque a criação exige alguma capacidade de dirigir a energia, dando-lhe uma forma definida. A compaixão sem objectividade faz Peixes perder-se num mar de emoções, fazendo-o sofrer em vão e impedindo-o de ajudar ao outro de forma eficaz. A lista podia continuar: excessiva dependência emocional, escapismo e alienação em relação ao mundo e às suas regras, falta de sentido prático, falta de clareza mental, auto-indulgência, crendice e irracionalidade.

Estes são, portanto, os temas destacados pelas sete luminárias que hoje abrilhantam a casa de Peixes. Estamos mais sensíveis a influências exteriores, mais sonhadores, mais empáticos e tolerantes, mais disponíveis, mais abertos ao inconsciente e mais espirituais, mas talvez também excessivamente vulneráveis, menos organizados, menos práticos e menos capazes de definir limites. Assim conhecemos as águas que navegamos.

Vejamos o papel da Lua, sétimo e fundamental elemento deste stellium. Como Lua Nova, ela rege os projectos em potência, aqueles que florescerão com a Lua Cheia (e a próxima é a Lua Cheia da Primavera, tempo perfeito para fazer brotar novidades). Peixes, o sonhador do Zodíaco, encontra aqui um momento muito propício para criar na sua imaginação aquilo que Carneiro, a partir de dia 20, ajudará a concretizar, auxiliado pela energia primaveril. Para já, podemos contar com a energia de Marte, um dos ilustres participantes nesta conjugação planetária, para vitalizar as sementes que hoje lançamos à terra.

Esta Lua Nova em Peixes propõe-nos também viver de acordo com novas leis, que nem sempre são concordantes com as leis da sociedade. Neste período, muitos de nós estão certamente a ser confrontados com a necessidade de respeitar regras pessoais e seguir por novos caminhos, que estejam mais de acordo com a sua verdade interior. Apesar do impulso recebido por parte de Marte, Peixes não tem por hábito a revolta armada, por isso é mais provável que este processo assuma a forma de uma resistência passiva às imposições exteriores, e de uma subtil mudança de orientação na forma de viver e de nos relacionarmos com o mundo e os outros.

De seguida, é-nos proposto o tema da cura. Este é um bom período para iniciar qualquer processo de cura ou desintoxicação, desde uma dieta até uma terapia psicológica. Mas é sobretudo útil no que respeita à cura interior, à profunda renovação do Ser, ao mergulho nas profundezas do inconsciente para resgatar a criança ferida que se encontra em todos nós. Chíron está aí para ajudar neste processo terapêutico, e a forma pisciana de o empreender é através da rendição e da confiança. No seu nível mais elevado, Peixes sabe que o Universo o sustentará quando se deixar cair no escuro oceano da psique – e a Lua Nova estará lá para o acompanhar.

Limpos, poderemos então servir. O Serviço, na sua acepção mais elevada, é a derradeira proposta de Peixes, e parte da compreensão de que tudo é Um, não existindo fronteiras reais entre nós e os restantes seres. Em Peixes, o último signo do Zodíaco, o Homem completa o seu percurso de aprendizagem, e pode tornar-se um guia, um consolador e um curador para o seu próximo. É-lhe, porém, exigido que não tente sobrepor a sua vontade à vontade cósmica, tomando as rédeas da situação e impondo o seu desejo de prestar auxílio; neste ponto é necessária a maior das humildades, que implica aceitar que nem sempre é possível resolver uma situação ou ajudar o outro.

Por fim, este é o tempo de nos desapegarmos de tudo aquilo que já não nos serve, desde as nossas próprias crenças – por vezes, mesmo aquelas sobre as quais erguemos a nossa vida – até às pessoas ou situações que não mais pertencem ao nosso presente. Aqui estão incluídos muitos objectos materiais inúteis que acumulamos em casa, o peso que acumulamos no corpo, a dor que acumulamos no coração ou os medos que acumulamos na psique. Deixemo-los partir com a água de Peixes, sob a influência purificadora da Lua Nova, mesmo que nos pareça demasiado difícil. Mais difícil será viver a arrastar tais pesos.

Resta dizer que não vale a pena pensar que nos podemos esconder da Verdade, quando sete luzes brilham sobre a nossa cabeça. Se queremos viver de acordo com os ritmos cósmicos, este é o momento de a reconhecer e aceitar a Verdade. E a Verdade |nos| libertará.