Há
muito que estamos como o Coelho Branco da Alice no País das Maravilhas, sem
tempo para nada. Quem segue o blogue já reparou, e só podemos pedir desculpas. Continuamos
sem tempo hoje também, mas com muita vontade de assinalar este dia muito
especial (11 de Março), que anuncia a Primavera próxima.
Um
stellium é um conjunto de planetas (três
ou mais) que se agrupam num signo ou casa por um determinado período, amplificando
a energia desse signo ou casa enquanto lá se encontram. O signo de Peixes tem
sido, no último mês, o anfitrião deste encontro, e a casa está praticamente com
lotação esgotada. Primeiro recebeu Marte, Chiron e Neptuno, depois chegou Mercúrio,
mais tarde Vénus e o próprio Sol, e hoje a festa fica completa com a chegada da
Lua. Até amanhã, quando a Lua terminar a sua (sempre) breve visita, estes sete
planetas fazem da modesta habitação de Peixes a mais brilhante, ruidosa e animada
do Zodíaco.
Contra-relógio,
não nos é possível fazer uma análise mais profunda deste encontro cuja magia
fica bem simbolizada pelo número sete, mas tentaremos realçar alguns pontos
fundamentais. Sabemos quais são, genericamente, as características de Peixes:
sensibilidade, vulnerabilidade física, psíquica e emocional, empatia, tolerância,
ausência de limites rígidos entre “eu” e o “outro” (seja este outra pessoa, ou
qualquer agente exterior), compaixão, adaptabilidade, imaginação, visão de
conjunto, capacidade de entrega, serviço, amor universal, mergulho nas
profundezas do inconsciente, capacidade de transformação e regeneração, misticismo
e fé.
Também
não é difícil compreender como estas qualidades se podem transformar em obstáculos,
caso sejam vividas de forma desequilibrada. Hiper-sensibilidade e demasiada vulnerabilidade
levam alguns peixes ao caminho da eterna vitimização, inutilizando a mais-valia
que representariam caso fossem bem utilizados e dirigidos. Excessiva tolerância
e ausência de limites conduzem a um caos do qual dificilmente sai qualquer
criação, porque a criação exige alguma capacidade de dirigir a energia, dando-lhe
uma forma definida. A compaixão sem objectividade faz Peixes perder-se num mar
de emoções, fazendo-o sofrer em vão e impedindo-o de ajudar ao outro de forma
eficaz. A lista podia continuar: excessiva dependência emocional, escapismo e alienação
em relação ao mundo e às suas regras, falta de sentido prático, falta de
clareza mental, auto-indulgência, crendice e irracionalidade.
Estes
são, portanto, os temas destacados pelas sete luminárias que hoje abrilhantam a
casa de Peixes. Estamos mais sensíveis a influências exteriores, mais
sonhadores, mais empáticos e tolerantes, mais disponíveis, mais abertos ao
inconsciente e mais espirituais, mas talvez também excessivamente vulneráveis, menos
organizados, menos práticos e menos capazes de definir limites. Assim
conhecemos as águas que navegamos.
Vejamos
o papel da Lua, sétimo e fundamental elemento deste stellium. Como Lua Nova, ela rege os projectos em potência, aqueles
que florescerão com a Lua Cheia (e a próxima é a Lua Cheia da Primavera, tempo
perfeito para fazer brotar novidades). Peixes, o sonhador do Zodíaco, encontra aqui
um momento muito propício para criar na sua imaginação aquilo que Carneiro, a
partir de dia 20, ajudará a concretizar, auxiliado pela energia primaveril. Para
já, podemos contar com a energia de Marte, um dos ilustres participantes nesta
conjugação planetária, para vitalizar as sementes que hoje lançamos à terra.
Esta
Lua Nova em Peixes propõe-nos também viver de acordo com novas leis, que nem
sempre são concordantes com as leis da sociedade. Neste período, muitos de nós
estão certamente a ser confrontados com a necessidade de respeitar regras pessoais
e seguir por novos caminhos, que estejam mais de acordo com a sua verdade
interior. Apesar do impulso recebido por parte de Marte, Peixes não tem por hábito
a revolta armada, por isso é mais provável que este processo assuma a forma de
uma resistência passiva às imposições exteriores, e de uma subtil mudança de
orientação na forma de viver e de nos relacionarmos com o mundo e os outros.
De
seguida, é-nos proposto o tema da cura. Este é um bom período para iniciar
qualquer processo de cura ou desintoxicação, desde uma dieta até uma terapia
psicológica. Mas é sobretudo útil no que respeita à cura interior, à profunda renovação
do Ser, ao mergulho nas profundezas do inconsciente para resgatar a criança
ferida que se encontra em todos nós. Chíron está aí para ajudar neste processo terapêutico,
e a forma pisciana de o empreender é através da rendição e da confiança. No seu
nível mais elevado, Peixes sabe que o Universo o sustentará quando se deixar
cair no escuro oceano da psique – e a Lua Nova estará lá para o acompanhar.
Limpos,
poderemos então servir. O Serviço, na sua acepção mais elevada, é a derradeira
proposta de Peixes, e parte da compreensão de que tudo é Um, não existindo
fronteiras reais entre nós e os restantes seres. Em Peixes, o último signo do
Zodíaco, o Homem completa o seu percurso de aprendizagem, e pode tornar-se um
guia, um consolador e um curador para o seu próximo. É-lhe, porém, exigido que
não tente sobrepor a sua vontade à vontade cósmica, tomando as rédeas da situação
e impondo o seu desejo de prestar auxílio; neste ponto é necessária a maior das
humildades, que implica aceitar que nem sempre é possível resolver uma situação
ou ajudar o outro.
Por
fim, este é o tempo de nos desapegarmos de tudo aquilo que já não nos serve,
desde as nossas próprias crenças – por vezes, mesmo aquelas sobre as quais erguemos
a nossa vida – até às pessoas ou situações que não mais pertencem ao nosso
presente. Aqui estão incluídos muitos objectos materiais inúteis que acumulamos
em casa, o peso que acumulamos no corpo, a dor que acumulamos no coração ou os
medos que acumulamos na psique. Deixemo-los partir com a água de Peixes, sob a influência
purificadora da Lua Nova, mesmo que nos pareça demasiado difícil. Mais difícil será
viver a arrastar tais pesos.
Resta
dizer que não vale a pena pensar que nos podemos esconder da Verdade, quando sete
luzes brilham sobre a nossa cabeça. Se queremos viver de acordo com os ritmos cósmicos,
este é o momento de a reconhecer e aceitar a Verdade. E a Verdade |nos| libertará.