You can't always get what you want
But if you try sometimes
You just might find you get what you need!
But if you try sometimes
You just might find you get what you need!
(The Rolling Stones)
Saturno esteve
em Balança até ao passado dia 5 de outubro, quando entrou em Escorpião. Balança
é o sétimo signo do zodíaco, e inaugura a segunda metade deste, que num mapa
todo alinhado (com Carneiro na casa 1, e por aí adiante) corresponde aos seis
signos situados acima da linha do horizonte. Os primeiros signos do zodíaco (Carneiro,
Touro, Gémeos, Caranguejo, Leão e Virgem) estão essencialmente relacionados com
o desenvolvimento e a afirmação da persona
ou do ego, e os últimos seis caracterizam-se por uma progressiva abertura ao
outro, ao mundo e aos valores universais. A transição para Balança simboliza
portanto um determinado grau de amadurecimento do Eu, que deixa as fases
juvenis (Carneiro, Touro e Gémeos) e da primeira idade adulta (Caranguejo, Leão
e Virgem)
Em Balança
estamos no início da viragem para fora, colocando a ênfase nos relacionamentos
interpessoais e na necessidade de estabelecer parcerias de qualquer tipo – das
quais a relação de casal, única que pode funcionar a todos os níveis do ser,
representa o modelo mais completo. Balança tem a ver com o tema da partilha
energética entre duas polaridades, e o seu objectivo é o equilíbrio e a
harmonização das duas energias presentes. A fórmula para alcançar este
equilíbrio é a equidade, ou a capacidade de fazer escolhas justas não apenas
para um, como sucedia sob o domínio do ego, mas para os dois lados de cada
questão.
Quanto a Saturno,
este pode ser visto como um professor severo, exigente e disciplinador, mas
justo. Saturno domina a rebeldia e castiga a inconstância e a preguiça,
enquanto recompensa o trabalho sério, a persistência e a responsabilidade
pessoal. Oferece nas suas aulas um ambiente estruturado (que para muitos será
considerado limitativo), regras rígidas e uma autoridade inquestionável. As suas
lições são longas e difíceis, mas quem resistir pode contar com um prémio – e
nada é tão gratificante como um prémio concedido por Saturno. Conhecem a sensação
de receber um elogio ou uma boa nota do professor mais austero e rigoroso da
escola?
Com Saturno em
Balança, o nosso rigoroso professor veio desafiar-nos a prestar uma séria atenção
aos relacionamentos e parcerias, essa delicada dança (que é por vezes luta)
entre o Eu e o Outro. E Saturno não faz concessões: aquilo que pede aos seus
alunos é um exame implacável dos seus relacionamentos, do equilíbrio entre dar
e receber, daquilo que pedem e daquilo que podem (e querem) dar, da solidez das
relações que mantêm, e até daquilo que uma relação realmente significa para
cada um. Durante este período, que teve início entre Outubro de 2009 e Julho de 2010 e termina agora, os alunos mais atentos terão
certamente revisto muitas noções pessoais acerca de parcerias, e talvez tenham tido
revelações inesperadas. Com “boa nota”, passaram aqueles que tiveram a coragem
de encarar os desequilíbrios nas suas relações, o que é verdade e o que é ilusório,
e a sua própria capacidade de se relacionar (dar e receber).
Saturno
em Balança não permite, por exemplo, a manutenção de ilusões românticas. Só
aqueles que permaneceram firmemente de olhos e ouvidos fechados à lição
saturnina – o que não acontece apenas por teimosia ou falta de coragem, mas por
inúmeras razões pessoais – poderão ter conservado na sua plenitude uma visão
ingénua e irrealista dos relacionamentos amorosos. Para todos os que foram
pessoalmente tocados pelo trânsito, os insights
podem ter chegado de diversas formas. Uns terão compreendido que a relação que
mantinham não é adequada ao seu desenvolvimento pessoal; outros terão aceite o
oposto, ou seja, terão tomado a decisão de se comprometer num relacionamento;
outros ainda terão enfrentado a necessidade de se libertarem de expectativas, ideais,
preconceitos ou medos.
Saturno
pede-nos para viver no mundo real. Em Balança, ele mostra-nos que um amor e uma
cabana não são tudo, que nenhuma união é perfeita, que é difícil existirem
separações sem dor, que as nossas escolhas podem fazer vítimas e danos colaterais,
que nem sempre é possível identificar culpados e inocentes, que não é assim tão
fácil encontrar “outra pessoa”, que o amante dos nossos sonhos provavelmente deveria
ficar apenas nos nossos sonhos, que romper um relacionamento pode significar
ter de aceitar a solidão, que não é assim tão mau estar sozinho, que podemos não
estar preparados para amar e ser amados, que nada é mais valioso numa relação (como
na vida em geral) que a verdade, e nada mais destrutivo que a mentira e a ilusão,
que só podemos mudar a nós mesmos, e que não podemos exigir nada de ninguém,
muito menos que nos faça felizes.
Mas
mostra-nos também que é possível ser genuinamente feliz aceitando a imperfeição,
que os nossos defeitos nos afastam mais da felicidade que os defeitos do outro,
que o mundo oferece as maiores surpresas a quem se abre às suas infinitas
possibilidades, que a coragem dá frutos, que o tempo – regido por Saturno –
tudo muda, tudo cura e tudo ensina, que nada se constrói sem estrutura, paciência
e perseverança (e aquilo que cresce num instante cai num instante), e que seremos
amados quando soubermos e quisermos amar.
Na verdade, Saturno sente-se bem em Balança, signo
onde se encontra exaltado. Talvez a ternura e o encanto pessoal do signo aqueçam
o coração deste mestre duro e taciturno, ou a sua constante procura da verdade
encontre eco no amor de Balança pela equidade, justiça e imparcialidade; o
facto é que a combinação de ambos está facilitada. A permanência de Saturno em
Escorpião, que começou agora e terminará apenas em dezembro de 2014, será sem dúvida
mais dura – especialmente para aqueles que não estudaram bem a lição anterior. Se
em Balança a energia de Saturno explorava o tema dos relacionamentos do ponto
de vista da consciência comum, em Escorpião ele vai mergulhar nas profundezas
do inconsciente e analisar questões bem mais complexas, como a nossa necessidade
de controlo do outro, as lutas
de poder, a manipulação, o ciúme, o medo, a traição, os comportamentos obsessivos,
as pulsões inconscientes, a capacidade de entrega incondicional,
a vivência da sexualidade e a dissolução das barreiras físicas e psicológicas, o
significado da verdadeira intimidade. Onde Balança encorajava a negociação,
Escorpião exige uma vontade focada e, por vezes, implacável e irredutível. Como
podem ver, este curso já não é para meninos do primeiro ano…
Inscrevi-me em todas as cadeiras, claro.
ResponderEliminarEstamos todos inscritos, é um direito de nascença. Resta saber com que empenho frequentamos as aulas :)
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