terça-feira, 10 de abril de 2012

Fogo e Gelo - oposição de Saturno ao Sol

Tobias Roetsch, Volcano of Ice
Na sexta-feira, dia 13 de Abril, Marte deixará de estar retrógrado e voltará, ainda que lentamente, ao seu movimento directo. Como já foi dito, a partir daí podemos esperar um acréscimo de energia e uma maior capacidade de acção, combinadas com o desbloquear de muitas situações à nossa volta. O seu efeito combina-se com o de Mercúrio, directo desde dia 4 deste mês, permitindo a livre expressão de todas as energias.
No geral, estas são boas notícias, apenas ensombradas pela particular conjunção que ocorre exactamente a meio do mês, cujos efeitos de certa forma já se fazem sentir, e que perdurarão ainda por toda a semana seguinte: trata-se da oposição anual entre o Sol e Saturno, ou o confronto entre o Fogo e o Gelo, eternos adversários. Saturno estará tão próximo quanto possível da Terra, com a face que nos observa totalmente iluminada pela luz solar, e o nosso planeta ficará entre os dois gigantes no domingo, dia 15 de Abril, mais precisamente às 19.14 (hora de Lisboa).
A oposição entre o “senhor dos anéis” e o astro-rei será sentida como um momento de tensão generalizada. O domingo poderá trazer à tona sentimentos de frustração, enquanto a expansividade natural do Sol encontra a limitação saturnina. O Sol representa a autoridade régia e paternal, a energia e a auto-confiança do masculino (presente em todos nós), o domínio e o conhecimento de si próprio, a vontade, a vitalidade e a força criativa, a capacidade de auto-expressão e de realização do nosso propósito interior na vida. Saturno traz consigo a constante aferição dos limites e possibilidades reais do Ser, o sentido de dever, a necessidade de cumprir obrigações e assumir compromissos, a auto-responsabilização, e por vezes até mesmo o sacrifício do pessoal em nome do bem comum.
Nestes dias é portanto muito natural que encontremos esta tensão entre o desejo de liberdade, expansividade e auto-expressão, de natureza solar, e uma série de obrigações a que teremos de dar resposta. Talvez se trate apenas da impossibilidade de conciliar a expectativa das distracções do fim-de-semana com a obrigação de responder às necessidades de alguém que depende de nós, ou até mesmo do encontro com a firme oposição de alguém próximo, que parece querer limitar a nossa autonomia. É possível que uma pessoa ou entidade que exerce autoridade na nossa vida nos apresente limitações e bloqueios, ou que nos surja a uma luz menos favorável, mostrando a sua face mais fria e incompreensiva. Qualquer pessoa pode exercer este papel, e também devemos recordar que o exercemos muitas vezes diante de outros. Estes confrontos podem provocar-nos sentimentos de solidão, incompreensão e desilusão, mas o mesmo pode acontecer com o filho com quem usamos neste momento mais disciplina do que tolerância, por exemplo; será boa ideia não esquecer que os relacionamentos são sempre uma via de dois sentidos.
Mas este “encontro” será muitas vezes interior, resultante do conflito entre estas duas facetas da nossa própria personalidade, muitas vezes vividas no seu aspecto mais negativo – a tendência egocêntrica para a livre expressão do “eu” e para a busca do prazer pessoal, e a tendência repressiva e culpabilizadora que exige o auto-sacrifício como forma de remissão do egoísmo.
Se nos encontrarmos entre estes dois arquétipos, tal como a Terra “comprimida” entre o Sol e Saturno, será melhor respirar fundo e manter a calma. O ideal seria não escolher um lado, e recordar que no meio está a virtude. Talvez seja necessário assumir uma obrigação em vez de descansar ou passear, ou cumprir um prazo quando o desejo é adiá-lo, ou dedicar-se aos outros em vez de tirar tempo para si. Mas é certamente possível fazê-lo sem frustração ou ressentimentos, e até aproveitar a “satisfação do dever cumprido”; haverá ocasiões para compensar mais tarde, e a vida é justamente feita desta alternância entre expansão e contracção, luz e sombra. Saturno mostra os nossos pontos fracos (e expõe-nos muitas vezes à vista de todos), de forma a podermos fortalecê-los. Na verdade, só podemos expressar-nos em plena liberdade se tivermos uma base sólida que nos ancore.
Melhores dias virão em torno da Lua Nova de 21 de Abril, dois dias depois da entrada do Sol em Touro. Até lá, trata-se de aproveitar as lições deste encontro entre o Sol e Saturno, aproveitando a permanência deste último em Libra, senhora do equilíbrio cósmico. Podemos assim aprender a respeitar os ciclos do dar e do receber, reconhecer os momentos certos para pensar em nós ou nos outros, alternar a expansividade com a introspecção e o trabalho com a diversão.

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