terça-feira, 3 de abril de 2012

A Lua Cheia de 6 de Abril e o céu em revolução

Andreas Cellarius, Atlas celeste, século XVII
Hoje, dia 4 de Abril, Mercúrio cessa o movimento retrógrado iniciado a 12 de Março, e incita-nos a estabelecer (ou restabelecer) comunicações com aqueles que nos rodeiam. Isto significa mais diálogos, telefonemas, emails e solicitações de redes sociais, quer seja no mundo real ou no mundo virtual. O movimento retrógrado de Mercúrio juntava-se ao de Marte e Saturno, fazendo com que todas as iniciativas avançassem de forma mais vagarosa, e travando o impulso para diante trazido pela entrada do Sol em Carneiro e pelo início da primavera no nosso hemisfério. A partir de agora poderemos sentir um certo alívio desta “pressão”, reforçada pelo facto da influência dos planetas no quotidiano ser mais forte quando estão aparentemente retrógrados.
Mas os efeitos do retorno ao trânsito directo do planeta que rege as comunicações, a troca de informação, o pensamento lógico, o ensino, as viagens e os negócios ainda se farão esperar, porque a progressão de Mercúrio é lenta. Em todo o caso, também Marte abandonará o movimento retrógrado dentro de poucos dias, a 13 de Abril, e a partir daí podemos esperar um acréscimo de energia e uma maior capacidade de acção, combinadas com o desbloquear de muitas situações à nossa volta. A verdade é que as coisas continuam a evoluir, e por vezes dramaticamente, durante um Mercúrio retrógrado, mas o mais provável é que tudo nos pareça imobilizado. Esta é uma das razões pelas quais somos aconselhados a não tomar decisões importantes em tais momentos, visto que só mais tarde teremos acesso a toda a informação e saberemos o resultado das nossas acções.
Regressando Mercúrio e Marte à sua situação normal, só Saturno permanece retrógrado (até 25 de Junho). Mais do que pensar no poder limitador deste planeta, devemos lembrar-nos da forma como ele nos pode ajudar. Saturno força-nos a reflectir sobre as responsabilidades que assumimos na vida, e como nos relacionamos com elas. Estão a impedir o nosso progresso? Ou, pelo contrário, estamos a fugir de responsabilidades cuja aceitação nos poderia levar à próxima etapa da nossa vida? Ou assumimos os deveres apenas pela metade, sem nos empenharmos verdadeiramente no seu cumprimento, vivendo com a frustração e a culpa?
Saturno faz-nos olhar com objectividade para as nossas capacidades reais e para os nossos limites, mostrando-nos onde é que não fomos realistas no estabelecimento de metas, mas também onde não estamos a utilizar todo o nosso potencial. Por fim, Saturno quer ver assuntos resolvidos, em vez de novos projectos a começar. Trata-se de organizar a vida, ser realista e paciente, atar pontas soltas, terminar assuntos (e deixar situações que já não nos servem) e assumir compromissos. De qualquer forma, Mercúrio e Marte retrógrados já nos aconselhavam o mesmo, mas à sua maneira: fazer uma pausa, recuperar forças e reavaliar situações.
Naturalmente, nestes dias impõe-se a próxima Lua Cheia de 6 de Abril, Sexta-Feira Santa. Iluminando a mesma casa onde está Saturno (Libra ou Balança), a sua luz fica um tanto obscurecida por este planeta severo e sombrio… e infelizmente não se trata apenas disso. O disco lunar vai fazer ângulos desconfortáveis com Neptuno, Vénus e Marte, mas especialmente com Plutão, senhor da simbólica “descida aos infernos”, regente da destruição e transformação de todos os sistemas. Durante todo o fim-de-semana prolongado podemos esperar sentir a tensão e o drama causado por estes (des)encontros celestes, aos quais se juntam outros (Urano e Plutão também se enfrentam nos céus, somando a sua energia à dos planetas retrógrados). Na verdade, praticamente todos os planetas estão neste momento em posições incómodas! Não seria estranho que surgissem equívocos com os outros, por vezes (mas nem sempre) mal-intencionados … e até podemos descobrir que também nós dizemos uma coisa e pensamos outra, transmitindo uma imagem confusa ou contraditória.
Porém, no domingo a Lua entra em conjunção com Saturno, e Saturno não permite ilusões. Veremos então o que esta verdadeira “loucura da Lua” nos trouxe. Será talvez difícil escapar à sua influência, mas conhecer a razão do desconforto é já meio caminho andado. Como o fim-de-semana prolongado da Páscoa costuma trazer mais tempo com a família alargada, o que pode reavivar feridas do passado, nada como exercer algum auto-controlo, em palavras e acções. Afinal, são só três dias – pelo menos até à dolorosa oposição anual do Sol e de Saturno, a 15 de Abril, mas essa é outra conversa…
Se este fim-de-semana se revelar muito difícil, e a meditação sobre o mistério pascal não for suficiente para nos reequilibrar, então lembremo-nos que a segunda parte do mês (e especialmente a Lua Nova de dia 21) promete ser muito mais doce e agradável. Basta um pouco de paciência, já que a única coisa certa na vida é a mudança – e em poucos domínios isto é tão evidente como quando observamos os astros.

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