sexta-feira, 18 de maio de 2012

Eclipse da Lua Nova - o futuro começa hoje


Este domingo estaremos sob a influência de uma Lua Nova e de um eclipse solar anelar, que infelizmente não poderemos ver (será visível apenas na Ásia, no Pacifico e na América do Norte, e apenas a China, o Japão e parte dos EUA poderão observar o anel de fogo na sua totalidade). No entanto, não deixaremos de ser influenciados pelo simbolismo deste momento, que terá o seu “par” no eclipse lunar de 4 de junho. Neste domingo a Lua ocultará até 94% da face do Sol no grau 0 de Gémeos, havendo ainda um raríssimo alinhamento da Terra, do Sol, da Lua e da constelação das Plêiades.
Alcione, a estrela principal da constelação das “sete irmãs”, que é na realidade um agrupamento de estrelas (uma “estrela de estrelas”, segundo os registos babilónicos) está precisamente no grau 0 de Gémeos, permitindo um alinhamento perfeito. Aqueles que mantêm a crença na já famosa “profecia maia” (inscrição maia aludindo a um acontecimento cataclísmico que levaria à destruição da Terra em 2012) esperam este evento cósmico como um sinal precursor da sua realização, uma vez que Alcione e as Plêiades assumiriam supostamente um papel muito significativo na sua cosmologia. Consideradas tradicionalmente como estrelas da chuva, as Plêiades trariam não apenas a chuva que fertiliza os campos, mas também a tempestade que provoca cheias e inundações – ou as lágrimas dos homens.

As Plêiades, Elihu Vedder, 1885
Embora possamos ter como seguro que o despertar de Alcione não deve ser temido como sinal de uma catástrofe iminente, será sensato ficar atento ao que se passa dentro de nós mesmos. No nosso próprio microcosmo, o alinhamento da Terra, do Sol e da Lua com a mais brilhante das estrelas chorosas poderá ser sentido com particular intensidade. Até porque Neptuno, o planeta baptizado com o nome do deus dos oceanos, formará um ângulo desfavorável com o eclipse, favorecendo problemas com as águas sob qualquer manifestação. Estes problemas poderão estar eventualmente relacionados com as “águas do inconsciente”, tantas vezes pantanosas, despoletando recordações e sentimentos confusos e ambíguos. Estando todos nós sob o efeito de Vénus retrógrado, devemos ficar atentos ao poder de Neptuno em aspecto desfavorável, sabendo que potencia o escapismo em relação ao presente (qualquer tentativa de fuga à realidade, incluindo o abuso de drogas e álcool), o refúgio nas memórias do passado, a fantasia e o devaneio inconsequente, a ansiedade e a incoerência.
Por outro lado, e ainda durante o eclipse, Vénus fará um ângulo muito favorável com Saturno, favorecendo os compromissos, a lealdade, o respeito mútuo e a estabilidade nos relacionamentos amorosos. A capacidade de diálogo pode crescer (Vénus está em Gémeos), e planos ou situações pouco definidos podem começar a ganhar contornos mais nítidos. Quer como amigos, quer como amantes, temos a possibilidade de crescer em maturidade. É verdade que esta tendência pode também arrefecer algumas relações, mas isso provavelmente significa que se baseavam principalmente num entusiasmo passageiro, que não suporta o realismo saturnino. Esta conjunção vem beneficiar sobretudo os amantes mais amadurecidos, reforçando a sua capacidade de desfrutar profundamente do presente vivido em conjunto.
No caso das relações sólidas, e apesar da influência de Vénus retrógrado (até 27 de junho), este aspecto deverá prevalecer sobre as lágrimas, as dúvidas e a melancolia neptunianas. Com atenção e serenidade poderemos mesmo descobrir uma nova faceta nos nossos relacionamentos – a capacidade de expansão do coração e de amor universal, a compaixão e a empatia com o outro e a vivência espiritualizada dos relacionamentos, dons que Neptuno confere na sua oitava superior. Em certa medida, e dependendo do nosso grau de consciência e vigilância, a escolha é nossa.


Eclipse solar em Stonehenge, William Blake
De resto, o eclipse solar de 20 de maio promete ser muito benéfico de forma geral. Júpiter estará em conjunção com este acontecimento cósmico, contribuindo para a energia positiva da Lua, que é sempre multiplicada durante um eclipse. Logo no dia seguinte, a 21 de maio, Mercúrio e Júpiter estarão conjuntos em Gémeos, anunciando boas notícias de forma geral, e facilitando aquilo que é de esperar de qualquer Lua Nova e eclipse solar: novos princípios. Embora não seja aconselhável tomar decisões fundamentais nos dias próximos aos eclipses, este fim-de-semana será um eixo de viragem para o futuro: como em todas as luas novas, é tempo de deixar partir aquilo que já não nos serve e receber o Novo. Isto é propiciado pelo encontro entre Mercúrio, a Lua Nova e Júpiter, que abrem o caminho do futuro, e até mesmo pela quadratura inevitável entre Júpiter e este Neptuno “atormentado”, abrindo espaço para a libertação de emoções antigas. Resistir às mudanças que a vida propõe não é sensato, e para nos encaminhar nas necessárias metamorfoses temos justamente a ajuda de Mercúrio e da Lua Nova e eclipse em Gémeos, signo regido pelo deus das transmutações.
O cuidado principal a ter durante este período diz respeito à influência de Neptuno, mas também este ponto pode ser entendido como positivo, se servir o propósito real de todas as influências cósmicas: o de nos proporcionar lições e insights. Atenção à distinção entre o real e o ilusório, e à tentativa de fuga ao momento presente: a vida é aqui e agora.

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